A Creator Economy
O Brasil é um dos maiores polos globais de influência digital. Mas, por trás dos números, a confiança nesse mercado oscila entre idolatria e desconfiança. A análise de 1.231 comentários mostra como o público redefine, a cada dia, os limites da influência.

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A Creator Economy está mudando: o futuro não se mede em métricas quantitativas, mas em legitimidade e vínculos culturais
O Brasil é um dos maiores polos globais de influência digital. Mas, por trás dos números, a confiança nesse mercado oscila entre idolatria e desconfiança. A análise de 1.231 comentários mostra como o público redefine, a cada dia, os limites da influência.
Do boom numérico ao desafio cultural
O Brasil já abriga cerca de 14 milhões de influenciadores, segundo o Censo Criadores de Conteúdo do Brasil (Wake, 2025). Esse cenário acompanha um mercado global que deve movimentar US$480 bilhões até 2027, consolidando a chamada creator economy como um dos setores mais relevantes do consumo e da comunicação contemporânea.
Mais do que números, os influenciadores são protagonistas de um fenômeno cultural. Representam celebridades de proximidade: nem tão distantes como os ídolos da TV, nem tão comuns quanto qualquer pessoa. Estão no imaginário coletivo como vitrines de estilos de vida, alvos de desejo e, muitas vezes, de contradições.
A confiança, nesse cenário, se torna o ativo mais valioso. É ela que define se uma parceria se converte em venda ou em crise reputacional. A análise de conversas revela como a audiência observa cada detalhe: da coerência entre discurso e prática às escolhas comerciais que podem consolidar ou destruir a credibilidade.
Seguir, cobrar, julgar: o ciclo da confiança digital
O público oscila entre admiração e julgamento constante. Ao mesmo tempo em que consome conteúdo de influenciadores digitais, também impõe vigilância severa sobre seus comportamentos.
Criadores de conteúdo são seguidos exatamente porque se expõem, mas são cobrados quando essa exposição parece excessiva ou incoerente. O termômetro de confiança mostra que, para muitos, ser influenciador é profissão legítima; para outros, é apenas um sinônimo de privilégio e superficialidade.
Como nasce a confiança entre público e influenciadores?
Gráfico 1: fatores que aproximam os criadores de conteúdo do público
O público se conecta quando sente que o criador fala por ele e não apenas para ele. A representatividade, mencionada em 45,7% das conversas, surge como fator central, sinal de que as pessoas querem se ver refletidas nos conteúdos, identidades e narrativas dos influenciadores. Essa sensação de espelho cultural e social reforça a legitimidade do discurso e ajuda a sustentar vínculos de confiança.
A abordagem de temas de relevância social, apontada em 20,7% das menções, amplia ainda mais essa aproximação. Criadores que falam de inclusão, diversidade e causas coletivas são percebidos como mais próximos, porque traduzem em linguagem cotidiana questões que atravessam o dia a dia de seus seguidores. Juntos, esses dois fatores respondem por 66% das associações positivas, consolidando a autenticidade e a relevância social como motores da creator economy.
O que aproxima também pode ser o que diferencia. Para influenciadores, fica o aprendizado de que representar é tão importante quanto produzir. Para marcas, o caminho que se desenha é investir em campanhas que dialoguem com causas sociais e identidades coletivas, não apenas em tendências passageiras. Para a imprensa, o tema abre pauta contínua sobre o papel dos influenciadores como novos mediadores culturais.
Quando a confiança se rompe entre público e creators?
Gráfico 2: fatores que afastam os criadores de conteúdo do público
O público se desconecta quando percebe incoerência, oportunismo ou distanciamento. O fator mais citado é “não me representam” (14,5%), sinalizando a gravidade do descompasso entre criador e audiência. Em seguida, a banalização de pautas importantes (13,7%) mostra que não basta citar temas sociais. É preciso tratá-los com profundidade. A parceria com casas de apostas (10,3%) reforça a noção de que o público não perdoa quando o criador vincula sua imagem a práticas percebidas como antiéticas.
Esses elementos, somados a críticas sobre falta de talento (7,9%), posicionamentos políticos (5,7%) e conteúdos superficiais (4,9%), revelam uma linha de tensão: a confiança se rompe rapidamente quando o seguidor sente que está diante de alguém que não entrega substância, não respeita sua inteligência ou parece agir por autopromoção. Mais grave ainda é que cada uma dessas falhas pode respingar diretamente nas marcas associadas. O efeito dominó é claro: quando um criador de conteúdo é acusado de incoerência ou exploração, a crítica se estende para os anunciantes que o apoiam.
O afastamento não é apenas uma rejeição individual: é um risco reputacional coletivo. Para influenciadores, significa que a credibilidade não é eterna, mas se renova a cada postagem. Para marcas e publicitários, o recado é objetivo: alinhar-se a perfis que banalizam causas, vendem incoerência ou ostentação é comprar uma crise pronta. E para a imprensa, esse embate mostra a transformação do influenciador em figura pública sujeita ao mesmo escrutínio ético de políticos, jornalistas e celebridades.
O futuro da creator economy: identidade, autenticidade e responsabilidade
A potência do mercado de influência já não se define por números de seguidores, impressões e engajamento. Hoje, a influência funciona como um espelho cultural, em que cada postagem pode fortalecer vínculos ou abrir brechas de crise.
Representatividade e relevância social aproximam, mas incoerências de posicionamento afastam rapidamente. O futuro da influência não depende só de métricas quantitativas, mas da legitimidade cultural e da responsabilidade compartilhada entre criadores e marcas.
✦ Identidade move a influência. Representatividade é o elo que ancora a conexão com o público.
✦ Causas sociais pedem profundidade. Quando tratadas de forma rasa, viram motivo de rejeição.
✦ Autenticidade constrói credibilidade. A coerência entre discurso e prática é o verdadeiro filtro da relevância.
✦ Responsabilidade é compartilhada. Erros dos criadores atingem diretamente as marcas que os apoiam.
✦ Influência se mede em capital cultural. Mais que audiência, é a solidez do vínculo que sustenta relevância no longo prazo.
Sobre a metodologia
O estudo foi feito com base na análise e classificação de 1.231 conversas públicas em redes sociais como X e Bluesky. A amostra foi construída de forma aleatória, com 95% de nível de confiança e 4% de erro amostral, seguindo a metodologia proprietária da Orbit de classificação de padrões e identificação de insights.
Ficha técnica
Rede social: X.
Período: 15/08/2024 a 15/08/2025.
Nível de confiança: 95%.
Erro amostral: 4%.
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Fontes externas
Wake Creators. Censo de Criadores de Conteúdo (2025). Disponível em: https://campaings.wake.tech/censo-de-criadores-wake-creators-2025. Fonte consultada para contextualizar o tamanho e a relevância do mercado de criadores no Brasil.