Trend ou tendência?
Este artigo reúne uma leitura opinativa construída pelo time de Pesquisas da Orbit, a partir do acompanhamento diário de conversas culturais feito pelo radar trendSpot, nosso monitor de sinais digitais emergentes.

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É trend ou tendência?
O que faz mais sentido para marcas: surfar em trends ou mergulhar em tendências? Entenda as diferenças.
Nem tudo que viraliza aponta para o futuro. Às vezes, aponta só para o agora.
Como diferenciar sinais passageiros de movimentos que realmente transformam comportamento, consumo e cultura?
Introdução
A internet transformou objetos simples, gestos cotidianos e pequenas estéticas em códigos sociais de pertencimento. Rituais, produtos e formatos passam a funcionar como marcadores culturais que definem humor, identidade e afeto.
Esses movimentos, acelerados pelo digital, têm sido cada vez mais interpretados como “antecipadores” de comportamentos. E é nesse cenário que surge a pergunta que orienta este artigo: afinal, nem tudo que viraliza aponta para o futuro. O que diferencia o que é só o agora do que realmente anuncia mudança?
Ao longo do conteúdo, investigamos como as trends nascem, por que crescem tão rápido e de que forma se relacionam com tendências reais de consumo e sociedade. O objetivo é separar ruídos de direções, entendendo o que passa e o que transforma.
Nem tudo que viraliza aponta para o futuro. Às vezes, aponta só para o agora.
O que é uma trend?
Uma trend é uma manifestação rápida, leve e altamente replicável da cultura digital. Ela nasce de um pequeno estalo coletivo: uma estética viral, um áudio, um meme, uma coreografia, um objeto, uma frase ou um comportamento que encontra terreno fértil para se espalhar. Trends se movem na velocidade do feed e se alimentam da repetição, do humor e da sensação de estar inserido no contexto certo.
Do barbiecore ao blokecore, do “get ready with me” às coreografias que ocupam o TikTok por períodos curtos, a lógica é sempre a mesma: surge rápido, ganha escala e domina as plataformas digitais em poucos em dias e, assim que perde intensidade, é substituída pela próxima onda.
Trends são úteis. Geram alcance, fomentam arquétipos de marca e criam identificação momentânea.
Seis etapas ilustram a linha do tempo de uma trend no digital:
Gráfico 1: anatomia de uma trend

O volume de conversas de uma trend acompanha as suas etapas de consolidação cultural; começando com poucas menções, quando algo novo aparece de forma discreta, e aumentando gradativamente durante a sua propagação.
Detalhamento da linha do tempo de uma trend:
✦ Gatilho: Algo novo aparece discretamente.
✦ Propagação: Uma pessoa com influência amplia a mensagem, cria contexto e começa a dar sentido cultural ao objeto/tema.
✦ Pico: O assunto se espalha no digital em efeito manada, vira símbolo de pertencimento. Atinge seu volume máximo de conversas.
✦ Fricção: Começam críticas e saturação. Surge o sentimento coletivo de “ninguém aguenta mais”.
✦ Mutação: Aparecem releituras do mesmo gatilho inicial. Surgem novos códigos, estéticas ou formatos derivados.
✦ Substituição: Novas releituras continuam surgindo, mas com menor força. Outro fenômeno assume o protagonismo e substitui a trend original.
Cada fase revela como o digital transforma um sinal isolado em linguagem coletiva e depois o abandona para a próxima novidade. Trends são motores de curto prazo. Ganham repercussão rapidamente, mas muitas vezes, se apagam na mesma velocidade.
Sinais que viram cultura: como as trends ganham força no público
1. Influência distribuída: criadores de conteúdo editam cultura e lançam desejos
Criadores não apresentam produtos. Eles apresentam leituras. Quando uma pessoa com legitimidade cultural mostra um item, o objeto ganha narrativa antes de ganhar valor.
46% das conexões com influenciadores acontecem porque o público se identifica com o criador*, e essa relação impulsiona o desejo coletivo.
As pelúcias “Labubu” não viralizam porque são fofas, mas sim porque os criadores de conteúdo traduziram seu uso como humor, vulnerabilidade e conforto visual. O mesmo aconteceu com os livros de colorir “Bobbie Goods”. O objeto fez sentido porque veio embalado por uma leitura estética.
*A Creator Economy e o Futuro dos Brasileiros - Orbit, 2025.
2. Nostalgia instantânea
A nostalgia é um dos grandes motores mais fortes das trends no Brasil. Considerando a percepção positiva dos consumidores sobre collabs entre produtos, mais de 25% dos atributos positivos atribuídos às campanhas estão ligados diretamente à memória afetiva e ao resgate de referências do passado*.
O público se conecta com estéticas que evocam conforto emocional. É essa lógica que impulsiona os fenômenos atuais, que conquistam espaço no cotidiano dos adultos, funcionando como um micro refúgio emocional.
*Collabs de Marketing em 2024, Orbit, 2024.
3. Pertencimento e performance
À medida que as pessoas se identificam com um assunto, elas passam a defendê-lo e inseri-lo dentro dos seus contextos. É esse vínculo que transforma consumo em pertencimento e preferência em lealdade.
Analisando a relação de confiança dos consumidores nas marcas, 23% afirmam ter parado de comprar ou até boicotado marcas com as quais se sentiram desconectados ou pouco representados*.
Ao mesmo passo que, 20% recomendam espontaneamente marcas que consideram alinhadas aos seus valores pessoais*.
Quando um fenômeno ultrapassa o ambiente digital, e chega nas escolas, por exemplo, é interpretado como uma marcação social. Não se trata de gostar de algo, mas estar no mesmo ritmo cultural do contexto em que se está inserido. O mesmo vale para adolescentes e adultos, cada um em seus respectivos contextos: rotinas, faculdade, trabalho…
*Confiança nas marcas, Orbit, 2025.
Afinal, as trends representam tendências de comportamento?
Não.
Trends não representam individualmente tendências comportamentais. Elas traduzem movimentos rápidos, movidos pelo algoritmo e pela repetição.
Tendências, por outro lado, são movimentos profundos que revelam mudanças reais na forma como as pessoas pensam, consomem e se relacionam. Surgem lentamente e permanecem por anos.
Trends são sinais.Tendências são direções.
Uma trend sozinha não revela mudança.
Um conjunto consistente de trends, repetidas ao longo do tempo, pode sim apontar para uma transformação real.
Como as tendências dão origem às trends?
Separamos três tendências culturais fortes do momento (nostalgia, hábitos saudáveis e autocuidado) e mostramos como elas se desdobram em microtrends que circulam no digital. É nesse cruzamento que fica claro como sinais rápidos revelam movimentos mais profundos.
Gráfico 2: exemplos de trends e tendências

Dentro da tendência de hábitos saudáveis, observamos trends estimulando o consumo de alimentos proteicos, surgimento de grupos de corrida e pilates, consumo de creatina, shots matinais e suplementação. São práticas de desempenho que buscam uma rotina mais saudável, com energia e constância.
Já a tendência de autocuidado se expressa de forma sensorial e emocional: velas aromáticas, difusores de ambientes, rotinas noturnas restaurativas, hábito de escrito, spa, diminuição do tempo de tela… É um território focado no descanso e na autorregulação emocional.
A interseção entre as duas aparece quando a rotina de saúde se transforma em ritual. O shot matinal se torna ritual e a diminuição do uso do celular vira autocuidado. É nesse encontro que entendemos que microtrends isoladas, quando agrupadas, revelam direção.
Como identificar se um movimento é uma trend ou uma tendência?
Para diferenciar uma trend de uma tendência, é preciso observar a profundidade, a velocidade e a permanência do movimento. Trends aparecem rápido, ganham volume em poucos dias e desaparecem tão depressa quanto surgiram, movidas por repetição, formato e clima cultural do momento. Já uma tendência se revela quando esse sinal deixa de ser isolamento e passa a se repetir com consistência ao longo do tempo, alcançando diferentes grupos e influenciando hábitos, valores ou expectativas. O que distingue uma da outra não é o barulho, mas a duração e o impacto.
Na tabela abaixo, ilustramos as principais diferenças entre as trends digitais e as tendências de comportamento:
Tabela 1: diferenças entre trends digitais e tendências comportamentais

Quando entendemos essa separação, fica mais fácil identificar o que é só o humor do momento e o que realmente reorganiza comportamentos.
Conclusões
As trends devem ser observadas como pistas. Elas mostram o humor do momento, revelam códigos de expressão e colocam luz sobre desejos e anseios que aparecem primeiro no digital.
Apesar disso, uma tendência de comportamento só se forma quando esses sinais se repetem, se alargam para diferentes grupos e começam a alterar a forma como as pessoas vivem, consomem e se relacionam. Não é um vídeo viral que transforma o mercado, e sim a constância dos padrões que ele revela.
✦ Para marcas, o desafio está em ler o que as trends sinalizam sem se deixar conduzir apenas pela velocidade, entendendo o porquê de um fenômeno ganhar força. As trends abrem portas para arquétipos, estéticas e emoções que o público está usando para se apresentar ao mundo. Quando essa leitura é bem feita, o resultado gera vínculo e conexão! ✦
O que funciona na lógica antiga ainda tem valor, desde que atualizado ao ritmo cultural de agora. Marcas continuam precisando de consistência, propósito claro e histórias que façam sentido para quem vê. A diferença é que hoje isso precisa dialogar com um cenário onde o público muda rápido, testa códigos novos e se afasta do que não o representa. A menor incoerência é suficiente para virar ruído, e o excesso de tendência é suficiente para virar saturação.
Permanecem relevantes as marcas que entendem o que está acontecendo no digital, mas não moldam todas as suas decisões baseadas em ruídos soltos.
As trends são o ponto de partida, mas não o destino final.
Insight Orbit
"Mais do que nunca, vivemos em uma sociedade líquida, com um ritmo acelerado e mudanças diárias. Acompanhar tendências é estratégia essencial para aproveitar oportunidades de mercado e, ainda mais importante, não deixar que a marca fique parada no tempo.
Enquanto isso, é necessário entender que trends são momentâneas e que seguir todas é o mesmo que dizer que sua marca não possui personalidade. Logo, ela não é feita especialmente e com carinho para seu público-alvo.
Um time precisa saber claramente o seu território e quais trends conversam com seu nicho. Se não, o marketing pode se tornar só mais uma página de memes.
Além de arriscar em surfar a onda do momento, é importante ter um fluxo de leitura de como isso foi interpretado pelo seu público. E só então montar sua estratégia de seguir (ou não) as trends."
✦ Nathalia Campos, Coordenadora de Social Insights
Sobre o artigo
Este artigo reúne uma leitura opinativa construída pelo time de Pesquisas da Orbit, a partir do acompanhamento diário de conversas culturais feito pelo radar trendSpot, nosso monitor de sinais digitais emergentes. As análises se somam às pesquisas publicadas pela Orbit no último ano, com fontes destacadas ao final dos respectivos parágrafos.
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O trendSpot é o radar contínuo da Orbit que identifica, diariamente, os sinais culturais que começam pequenos, mas que têm alto potencial de virar comportamento, conversa ou formato dominante no ambiente digital. Usando curadoria humana combinada com IA proprietária, ele transforma milhões de interações em insights acionáveis sobre o que está prestes a ganhar tração e por quê.
Com isso, marcas passam a antecipar movimentos, ajustar narrativas antes da saturação, criar conteúdo com timing perfeito e capturar oportunidades que ainda não chegaram ao mainstream. O trendSpot não mostra apenas o que está em alta: mostra o que vai estar. É inteligência cultural aplicada para quem quer relevância, precisão e vantagem competitiva no ritmo das mudanças digitais.
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